A eficiência pode ser considerada uma das disciplinas dentro das corridas de aventura. Assim como a navegação, que praticamos independente da modalidade, devemos ser eficientes a todo tempo.
Praticamos a "eficienciabilidade" enquanto corremos, pedalamos e remamos, mas ser eficiente é ainda mais importante quando vamos dormir, quando trocamos as modalidades nas áreas de transição, quando resolvemos problemas, quando organizamos nossos equipamentos em nossas mochilas e até mesmo antes da prova começar.
Para montar uma equipe de corrida de aventura, precisamos de quatro pessoas distintas e que irão se complementar dentro do time. Cada um terá um papel diferente e essencial para a dinâmica da equipe. Uma equipe eficiente precisa de dois navegadores, um cavalo e um cérebro! Ou seja, enquanto um navegador trabalha o outro confere, a pessoa no papel do cavalo irá carregar mais peso e ajudar fisicamente a todos e o cérebro irá manter a harmonia entre os integrantes. Esses papéis podem trocar de posição constantemente, mas se algum deles falhar a equipe estará condenada a ineficiência.
Com a equipe definida podemos estudar a prova. No meu time por exemplo, antes de organizar qualquer equipamento ou comprar as comidas, construímos o que chamamos de linha do tempo, uma representação gráfica da competição, que terá poucas informações (somente o que o site da prova disponibilizar previamente), mas que ajudará a otimizar os gastos e o tempo de preparação logística.
Essa linha do tempo ficará mais detalhada e apurada conforme obtermos mais informações e ficará completa quando recebermos os mapas, pois ai será quase uma cópia da imagem em 3 dimensões representada em uma linha cronológica. Saberemos que dias e noites estaremos em quais modalidades, quais equipamentos vamos utilizar, que dia e hora vamos finalizar a competição e assim por diante.
Claro, nem sempre conseguimos acertar os tempos estimados, pois muitos imprevistos aparecem ao longo do caminho, mas com a linha do tempo é muito mais fácil acrescentar ou diminuir horas caso necessário.
A eficiência também é o que difere uma expedição de férias de uma expedição competitiva. Carregar o mínimo necessário, sem luxo algum, comer o mínimo suficiente para a máxima performance, dormir o mínimo necessário para manter o corpo funcionando e parar somente em extrema necessidade.
Dá trabalho ser eficiente e as vezes da preguiça também. Quando estamos cansados deixamos um pouco de lado o coletivo e nessa hora até nos perguntamos o porque de estar ali, mas olhando para nossos companheiros, logo virá o cavalo pronto para oferecer ajuda e o cérebro te animar para juntos prosseguirem.
Otimizar o tempo da equipe demanda muito da cabeça e do corpo e ao entrar numa competição como esta, você já estará determinado a pensar eficientemente. Quando estamos de férias a mochila pesada poderá ser tirada das costas, o pôr sol será calmamente admirado e na hora de comer sentaremos com fogareiro e vinho para um picnic. Na corrida de aventura cada minuto desperdiçado é valioso.
Fazendo uma conta realista de cada atleta parando um minuto a cada hora, significam 96 minutos por dia. Parada para pegar algo no fundo da mochila, parada para ajeitar algo na bike, parada para guardar as coisas que estão molhando dentro do caiaque e por ai vai. Pequenas besteiras que poderiam ser evitadas com uma melhor organização prévia podem chegar a 8 horas desperdiçadas ao final de uma expedição com 5 dias. Nós já temos que parar para necessidades como navegação, xixi, transições, pegar água e portanto devemos otimizar esse tempo.
Ao final da competição vencerá o time que tiver sido mais eficiente. Evite a perfeição pois pode tomar muito tempo, mas aproxime-se dela e se doe, seja quatro ao invés de um, sinta a necessidade do outro como sendo a sua,. Todos nós ali somos pais e filhos ao mesmo tempo, precisaremos de atenção, daremos conselhos e tudo isso em busca do mesmo objetivo, a linha de chegada.